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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Igreja Pentecostal Loucuras de Meu Deus II

Onde está o mal? Qual a causa de tantos males que assolam a humanidade? Nossa! Que perguntas grandiosas, um tema tão vasto! É verdade, mas tentemos abordá-lo em algumas linhas para que você leitor não se canse com minhas divagações. Vivemos numa realidade cristã, queiramos ou não. Seja você budista, ateu ou cético, você também é um pouco cristão. Não há como não considerar dois milênios de história. O cristianismo está incrustado no DNA do homem ocidental. O nosso pensamento sempre parte de categorias cristãs. Quem não conhece plenamente o significado de palavras como Satanás, diabo, anjo, céu, inferno, natal, santidade, etc. O nosso vocabulário foi literalmente transformado pelo cristianismo. No latim pagão, céu, inferno, igreja, Deus, caridade – entre tantas outras palavras – tinham significados totalmente diferentes. Infelizmente, ainda após tanto tempo de influência cristã, muitos possuem conceitos deturpados da realidade, que têm a aparência de cristianismo, mas que, na verdade, não o é. Por exemplo, a oposição Deus/Diabo, bem/mal, não pertence à verdadeira mensagem de cristo. Essa divisão binária e simplista da realidade é uma influência do maniqueísmo sobre nós. Ou seja, que há seres essencialmente malignos e outros essencialmente santos. Isso não representa a mensagem do evangelho. O mundo cristão é determinado muito mais pela noção de livre-arbítrio. Quer dizer, os seres racionais (homens e anjos) possuem total liberdade de ação. Não há lei que os impeça de fazer o que bem entender de sua existência. Eu creio que o mal no mundo nasce dessa liberdade da condição humana. A árvore do conhecimento do bem e do mal é a perfeita metáfora da liberdade humana. Deus não forçou Adão e Eva a comerem o fruto. Santo Agostinho, em A Verdadeira Religião, nos lembra corretamente que o mal não é uma substância. Não há seres por natureza maus ou ruins, porque Deus fez todos bons e livres por natureza. Diante da liberdade alguns escolhem o egoísmo e propagam o mal sobre a Terra. Imaginar a atuação onipotente de Satanás nos bastidores da história (como muitos católicos e protestantes) cria uma visão simplista que não concorda com uma teologia que prega a liberdade. Tendo posse dela (da liberdade), podemos praticar o bem e o mal. Eis a sua origem. O pessoal do Pânico na TV tem razão ao satirizar o pastor que vê o capeta manipulando a vontade humana, como se fôssemos títeres na mão do “maligno”.

2 comentários:

  1. Deus não criou o mal, a Bíblia nunca afirma isso em Lugar nenhum. Deus criou Lúcifer, um anjo perfeito e de luz, mas que se transformou em Satanás por conta do seu livre-arbítrio recebido por Deus. A possibilidade de surgir o mal sempre existiu em decorrência desse livre-arbitrio dado por Deus, do contrário seríamos todos seres robotizados e mecânicos, algo que Deus abomina. Analise estes versos:

    ''Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!

    E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.

    Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.''Isaias 14:12-14


    ''Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.

    Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônica, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.

    Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.

    Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti.

    Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas.

    Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.

    Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te vêem.'' Ezequiel 28:12-17


    Nesses dois textos, reis pagãos são tomados como metáfora ou tipo, para representar o antítipo, Satánas. Um recurso literário muito comum no antigo testamento. Esses versos demonstram claramente que o mal não surgir por um ato de imposição divina, mas foi consequência do livre-arbítrio concedido aos seres criados em decorrência do seu reino de amor.

    Em tempo, o texto de Ezequiel é mais impressinante porque comprova claramente que Satanás será destruído em definitivo no final dos tempos, sua existência não será eterna no reino do inferno.

    ''Pois eis que vem o dia e arde como fornalha, todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho, o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo'' [...] Pisarei os perversos, porque se farão cinza debaixo das plantas dos vossos pés, naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos Exércitos'' Malaquias 4:1 e 3

    Assim, a raiz de todo o mal, Satanás, e os ramos - pecadores- não mais existirão quando Cristio instituir seu reino glorioso e eterno, em que o mal, em qualquer uma das suas manifestações, não mais haverá.

    Abraços,

    Bruno Cardoso

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  2. Você confirma o que digo em relação a visão binária (bem versus mal) que muitos possuem da realidade. A própria teologia Católica não é binária. Cremos que a alma pode ter três destinos: céu, purgatório e inferno. Como grande parte das pessoas encontra-se no "meio termo" entre a plenitude da santidade e a recusa total da salvação de Deus, há o purgatório onde nos purificamos daquilo que não vem de Deus antes de seu encontro. Mas o purgatório não é um "local" com uma duração temporal medida em termos humanos. É, na verdade, um "estado de espírito", no qual nos defrontamos com nossa própria história e reconhecemos tudo aquilo que cometemos de pecado. Nesse instante somos nós mesmo que nos julgamos por nossas próprias ações.
    Em Hebreus 9:27 está escrito que "está determinado que os homens morram uma só vez, e depois vem o julgamento". Ou seja, logo após a morte, aqueles que chegaram à santidade em vida vão logo para junto de Deus no Céu. Suas almas não estão dormindo esperando a ressurreição. Porque a alma é eterna. O inferno também é eterno. No Novo Testamento há várias referências a um "fogo que não se apaga", quando fala do local onde serão laçados os condenados.
    Sobre a imortalidade da alma, pesquise sobre os casos de quase morte. Eles são muito impressionantes e demonstram que a consciência permanece mesmo após a morte do corpo físico.
    Sobre a escatologia católica, leia os livros de Renold J. Blank publicados pela editora Paulus. Este é o maior teólogo da atualidade, atuante no Brasil, especializado em escatologia.

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