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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Caminhando entre ruínas

Antonio Pinho
Sempre soube e senti que há muitas coisas esquisitas no Brasil. Mas desde que estourou a última onda grevista, a coisa todo ficou ainda mais evidente para mim. Inúmeras categorias de funcionários do governo federal parados, querendo salários ainda mais altos, e o Brasil para também. Diagnóstico da situação em que nos encontramos: hoje tudo gravita em torno do estado. Por causa disso, se o estado para, o restante também para. Isso tudo (somando-se a já preocupante realidade em que vivo) gerou em mim um mal estar e uma indignação que não se descreve, ou melhor, não consigo descrever.
Vejo minha nação caminhando cegamente rumo ao abismo, transformando-se em nova Cuba. E o que estamos fazendo para evitar o pior? Não há como lutar quando nem se sabe onde está o inimigo. Pior: o povo nem sabe quem é o inimigo. O cruel é que todos acham que o comunismo morreu, quando a realidade é justamente o inverso. Portanto, se quisermos entender a realidade basta inverter o que a mídia diz e o povo pensa.
Enquanto vivemos num mundo de sonhos – que é capitalista, livre e democrático – que pensamos que existe, mas que é pura fantasia construída pela mídia, para ocultar o que realmente vale a pena saber, Fidel Castro estende cada vez mais seu poder sobre a América Latina, por meio do Foro de São Paulo. Enquanto isso as massas acham que caminhamos a passos largos ao fortalecimento do capitalismo e da liberdade. A verdade é justamente o inverso disso. Se nada for feito, se continuarmos a trilhar o caminho em que já estamos, nosso futuro próximo é o totalitarismo.   
Quando bandidos cometem seus crimes nos cantos escuros do subúrbio, os danos sociais são locais – circunscrevem-se às vítimas e suas famílias. O grave é quando os mais altos postos de comando são ocupados por criminosos psicopatas. Quando isso ocorre, a degradação moral espalha-se da alma dos dirigentes para o restante do tecido social. Escândalos como mesalão e outros tantos mostraram que nossos dirigentes são criminosos perversos, senão psicopatas, sem um pingo de remorso pelas multidões que morrem vítimas de sua negligência, ou mesmo de sua ação consciente. Fidel Castro matou todos seus oponentes em Cuba. Aqui a violência não está sendo necessária, porque o natural passar do tempo está matando aqueles que ainda resistem a essa inundação vermelha que tudo toma conta. As novas gerações já são doutrinadas em Marx desde o primário.
A degradação moral espalhou-se por todos os poderes da nação, em todos os níveis. Hoje chegamos ao absurdo de criminosos estarem julgando outros criminosos. Os mais altos escalões do poder judiciário corroeram-se completamente. Situação idêntica vemos na educação, quando professores universitários sacrificam seus alunos para querer só um salário maior. E o mesmo se dá nos outros setores do serviço público. Todos nós sabemos que funcionário público (e ainda mais funcionário federal) ganha muito bem. Seus salários são muito mais elevados que os equivalentes pagos pela iniciativa privada. Mas isso não basta. Sua ganância quer mais, muito mais. As contas públicas que se danem, o povo que paga imposto que se dane. Eles querem é um salário bem mais gordo.
Isso tudo é fruto da esquizofrenia coletiva de que esta nação sofre, na qual a satisfação do próprio umbigo é o mais elevado horizonte de ideais, a única medida moral. O resto que se dane. Ou seja, nesse caso “o resto” somos nós. Então nós é que nos danamos.
Quando o crime vira lei nos mais altos postos de poder – como no Brasil de hoje, em que a presidente cometeu assaltos e sequestros –, a degradação se espalha por toda a sociedade, que se desmancha em caos e barbárie. Criminosos no poder só fazem é inverter a moral, legalizando o absurdo.
Chegamos ao ponto de vermos policiais grevistas cometendo crimes, seja por omissão ou mesmo por ação quando, em certos locais, a polícia federal chegou a trancar o trânsito, infringindo leis que eles mesmos deveriam defender.
Nossos governantes, dominados pela ideologia revolucionária, não trabalham para a manutenção das instituições que o passado nos legou, mas para sua subversão de todos os valores e de todas as instituições, para sua destruição. É neste tempo que vivemos: um tempo em que a realidade circundante perde seus contornos costumeiros, e transfigura-se em um monte de ruínas. Nossa geração caminha numa realidade que se transformou em pilhas de escombros.