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domingo, 27 de março de 2011

O perigo das revoluções modernas – parte II - Revolução Árabe

A Revolução Árabe avança. Qualquer que seja a revolução que estudemos a lógica é a mesmo: primeiro deserdem e destruição depois a reconstrução. Isso é o que acontece agora com os paises do mundo árabe. A França bombardeia as tropas do presidente da Líbia, Kadafi, e com essa atitude desrespeita a soberania de uma nação, numa atitude que nos faz relembrar dos pontos altos do colonialismo europeu na África. Nos séculos XIX e XX, a Europa retalhou e destruiu a África numa atitude de estrema arrogância. Se tivessem feito isso com o intuito de expandir a civilização ocidental, desenvolvendo a região cultural e economicamente, a colonização se justificaria. Mas não foi isso que ocorreu. A única intenção era sugar as riquezas naturais da África, em suma, teve-se lugar para a mais feroz atuação do capitalismo expansionista.

Com a destruição da Europa na II Guerra Mundial, houve a descolonização da África e um enorme caos apoderou-se da continente mais pobre do planeta: disputas tribais por território, sangrentas guerras civis, em fim, o caos tomou conta de várias regiões da África, a desordem. A colonização européia poderia ter resultado na elevação cultural do continente. Infelizmente a Europa perdeu uma oportunidade única de expandir sua civilização de forma sólida sobre uma vastíssima área. Possibilidade que se barrou pela famigerada fome pelo lucro fácil.

A França hoje tem uma nova oportunidade. Claro que os atuais bombardeios sobre a Líbia são uma afronta à soberania desta pobre nação. Mas esse ato poderia resultar numa conseqüência positiva: uma nova colonização africana pela Europa. Evidentemente, defendo que devemos dar agora lugar a uma colonização humanística. Levar o padrão europeu de educação ao país, e mais tarde a todo o continente. Construir novas escolas e universidades. Trazer professores ocidentais para lecionarem nas universidades. Criar uma nova constituição que garanta a liberdade religiosa, o que permitiria levar missões religiosas, construir igrejas cristãs, enfim, poderíamos promover uma aculturação dos povos locais, substituindo o islã pelo cristianismo, a religião da guerra pela religião da paz.

Conjuntamente, levar fábricas, mondadoras de carros, construir estradas, novas cidades... A Líbia em duas décadas poderia de tornar um prolongamento africano da Europa.

Mas, para falar a verdade, isso não acontecerá. O que veremos será a repetição da atuação dos EUA no Iraque: a derrubada de um ditador para controlar as fontes de petróleo do país, só isso. Não veremos uma ação no sentido de expandir a civilização ocidental. Haverá uma repetição da colonização européia dos séculos XIX e XX. Só teremos exploração dos recursos naturais, nada além disso.

A Revolução Árabe será mais benéfica aos EUA e a Europa (a sua elite financeira, para ser mais claro) que aos povos mulçumanos. Pois ela destruirá a pouca estrutura social que possuem. Cairão, portanto, no caos, como é típico de toda revolução. O caos gera retrocesso social e econômico, e isso entregará o mundo mulçumano mais uma vez para a elite financeira ocidental. Por exemplo, após o caos provocado pela Revolução Francesa, houve uma enorme diminuição de estudantes universitários, o que é um forte indicio de que a revolução é muito negativa para o avanço dos indicadores sociais, como o incentivo ao progresso científico.

Os EUA e a Europa são aqueles que ganharão rios de dinheiro com a “reconstrução” da Líbia após o fim dos bombardeios, como foi na guerra do Iraque. Haverá apenas infra-estrutura para retirar o petróleo e levá-lo aos donos do poder global. Na área do desenvolvimento humano não existirá ações de grande repercussão.

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