Antonio Pinho
Quem não sabe que o Brasil é o país das greves? Não são incomuns as épocas em que aqui tudo para: os ônibus, os correios, a saúde, as escolas, as faculdades... Após a nova onda grevista nas universidades públicas tomar conta de boa parte do país, chega a vez da UFSC. É uma surpresa? Não, absolutamente não. Quando eu soube que a decisão pela greve iria à votação entre os professores, eu já tinha a certeza do resultado: vai ter greve. Só mesmo uma pessoa muito inocente para achar que, neste país de privilégios, em que cada um só pensa em seu próprio umbigo, que os professores colocariam os interesses dos alunos – a causa pela qual a universidade existe – acima dos seus.
Nós alunos temos que ter uma coisa bem em mente: os professores são pagos com os impostos do povo, para que nós tenhamos uma educação de excelência, para amanhã levar esse país adiante. Logo, os professores são nossos empregados. Estão lá para nos ensinar algo útil para o bem da sociedade, e para nosso próprio bem. Esta é a questão central. Ocorre que este pensamento só passa na mente de alguns professores solitários, essas raridades que ainda pensam na educação, e não em seus salários.
Durante minha graduação cheguei a ouvir uma professora reclamar, em sala de aula, de seu salário. Ironicamente, esta professora foi a pior que tive. Cheguei a comentar com um amigo que todo salário que ia para o bolso daquela mulher era puro desperdício de dinheiro público. Por outro lado, já na pós-graduação ouvi outro professor mais sincero falar que no governo do PT nunca os professores universitários tiveram tanto dinheiro. De fato, nossos ilustres “doutores” têm dinheiro para viajar a Paris ou Nova Iorque todo ano, ter uma bela casa na praia e um palacete num bairro de elite. Não há mentiras nisso, pois vejo isso todos os dias na UFSC. Estão preocupados com suas vaidades intelectuais, e não na pesquisa e ensino de coisas realmente úteis a sociedade.
Isso é mais grave nas ciências humanas. Na verdade temos duas universidades, uma que desenvolve tecnologia de ponta, forma empresas e quadros qualificados para a iniciativa privada; e outra, a das “ciências” humanas que se perde em divagações sem fim, e nada devolve para a sociedade. A primeira universidade desenvolve a nação economicamente, a segunda faz o desserviço de deformar a mente de nossas novas gerações de “intelectuais”, formando-as unicamente para o serviço da revolução marxista. Os altos salários dos cientistas da primeira universidade são bem merecidos, os da segunda são puro desperdício de verba pública.
Faço aqui uma auto-crítica, pois também sou das ciências humanas. O que se passa na mente da primeira universidade? Desenvolver tecnologia, registrar patentes, formar engenheiros que criarão suas empresas, nas quais se gerará riquezas para a nação, formar profissionais qualificados para o mercado de trabalho na iniciativa privada, etc. Na mente desta universidade, a carreira de professor universitário é só mais uma dentre tantas outras opções. E o que se passa na mente da segunda universidade? O puro carreirismo. Querem é só tirar seu doutorado, o mais rápido possível, para logo poder fazer um concurso – numa universidade federal, é claro – e entrar para a “elite”, viajar para a Europa, ter casa na praia e morar num palacete. Estes são os que sugam volumosas verbas dos cofres públicos, e praticamente nada dão de retorno benéfico à nação.
Vejamos, na prática, o descalabro que as ciências humanas são no Brasil.
O que mais se faz em cursos de ciências humanas é criticar a educação, que ela é péssima na atualidade. Só que nunca vêem que os professores que dão aula no primário e no ensino médio saem de suas salas de aula com precária formação. O mal da educação no Brasil tem seu início na academia, e não nos baixos salários pagos pelo governo aos professores.
Se nossos ilustres “doutores” das ciências humanas querem salários maiores, então que façam algo de útil a nação. Em primeiro lugar dando ensino de qualidade aos futuros professores, dando-lhes acesso a alta cultura ocidental, e não gastando tempo em divagações marxistas, que não chegam a lugar nenhum.
A impregnação do marxismo em todas as ciências humanas é o grande mal da educação brasileira. Os professores saem da academia saturados de Marx, e na sala de aula ensinam para as crianças como Cuba é uma nação rica e linda, e como o capitalismo é o mal supremo na Terra. Só que esses professores se esquecem de dizer que o comunismo matou mais de 100 milhões de pessoas no século XX, que sempre que se coloca Marx em prática os resultados obtidos são totalitarismos, guerras, genocídios, perseguições... Mesmo assim, ainda hoje dão o Manifesto do Partido Comunista para que os alunos de pedagogia leiam na primeira fase, como introdução à pedagogia decadente de Paulo Freire, puro comunismo cultural.
A filosofia, a história, a literatura e a sociologia também estão no mesmo caos. Os “doutores” só estão interessados em ensinar Marx e seus discípulos: Althusser, Michel Foucault, Eric Hobsbawm, Adorno, Antonio Gramsci, Horkheimer, Walter Benjamin, Deleuze, Derrida, Slavoj Žižek e todo o resto da turma. Em qualquer ciência humana esses são os autores lidos, puro marxismo. Geralmente não se dá uma segunda opção ao aluno fora desse quadro teórico. No próprio curso de Letras que fiz, havia um semestre todo só pra estudar teoria literária marxista, sem contar os outros semestres nos quais os autores lidos estão nesta lista acima. Essa saturação de marxismo, na academia, me afastou da literatura. Procurei a linguística, pois nela é mais tranquilo escapar dos marxistas, e há um campo de estudo realmente científico e sério, fora de ideologias de esquerda. Mesmo assim, na linguística são muito fortes a Análise de Discurso e a Sociolinguistica de Marcos Bagno. O trabalho de deformação de Marcos Bagno é que resultou em toda aquela polêmica dos livros didático que ensinavam o quão correto é falar “os meu amigo foi trabaiá onti”. Na Análise de Discurso francesa, nenhum livro de introdução a esta disciplina nega sua filiação teórica ao marxismo, pois lê-se Althusser e Michel Foucault como grandes inspiradores desta área de “estudos”. Ironicamente Althusser morreu totalmente louco, Michel Foucault fez tanta suruba que pegou uma AIDS e morreu. Creio que as surubas de Michel Foucault tinham um motivo cientifico. É possivel que ele tenha ido a campo para colher dados para sua história da sexualidade.
São essas ilustres figuras filosóficas, de impecável índole, que estão “formando” a mente de nossas novas gerações de “intelectuais”. E essa decadência intelectual na academia resulta numa decadência da educação das crianças e adolescentes. É óbvio que as ciências humanas são fundamentais na sociedade, cuja função primeira é permitir que a sociedade reflita sobre si mesma, seus rumos e significados. Da salutar reflexão intelectual, detectamos os problemas sociais e partimos para ação, no sentido de sua resolução, resultando na evolução da sociedade para a melhor. Mas o que vemos é que esse trabalho de deformação cultura, operado pelo marxismo, resulta na própria destruição da alta cultura, o que gera, no fim das contas, a bárbarie social: altos índices de mortes no trânsito, 50 mil assassinatos por ano, crescentes índices de suícidio, infanticídio, aborto e pedofilia...
Quando a alta cultura entra em declídio, a sociedade entra em estado de barbárie. Por isso tudo, os nossos ilustres doutores de ciências humanas da UFSC, e das outras universidades públicas, não têm o mínimo direito a greve, no atual momento histórico. Seus salários são bem altos, muito mais altos que os pagos na iniciativa privada, na qual na maior parte das vezes não são aceitos, por isso se refugiam no Estado. Fora do Estado não sobrevivem. O pior é saber que as enormes verbas públicas, que vão para os bolsos desses “doutores”, nenhum retorno dão ao desenvolvimento da sociedade. Muito pelo contrário, o Estado os paga para emburrecerem as novas gerações, domesticando-as, bestializando-as.