Antonio Pinho
A lembrança ainda está bem nítida em
minha mente. Estava eu na sétima série, sendo estudante de uma escola pública,
localizada no subúrbio. A desgraça toda ocorreu numa aula de geografia.
Seguindo o programa “normal” da disciplina, como assim a ordenava o MEC,
chegara o momento de abordar os sistemas sócio-econômicos, ou seja, capitalismo
versus comunismo.
O livro didático louvava o comunismo
como uma teoria maravilhosa, a salvação para a humanidade, ao passo que
demonizava o capitalismo. O comunismo era perfeito, ao entender do autor,
imperfeitos foram os que o colocaram em prática. Esse simples detalhe, esse pequeno
erro em transpor a teoria à realidade gerou a desgraça toda que foi o século XX.
Segundo o autor de meu antigo livro de geografia, havia dois tipos de
comunismo, o ideal e o real. Colocados lado a lado, capitalismo e comunismo,
pelo livro de geografia, passei a deplorar o sistema em que vivia e a sonhar
com o dia em que o ideal do comunismo viraria realidade sobre todo o mundo. Foi
nesse dia em que me converti ao comunismo. Nele tinha minha verdadeira fé. Eu
cria que o comunismo transfiguraria a terra, tornada um inferno pelo
capitalismo, num verdadeiro céu jamais visto na história humana. Naquele dia,
naquela maldita aula de geografia, sai do reino da realidade para entrar no
reino da ilusão.
Terminada a oitava série, entrei por
meio de concurso na Escola Técnica (atual Instituto Federal) para estudar o
Ensino Médio. Lá a desgraça de minha ilusão só continuou. Seguidor do credo
comunista como era, odiava os Estados Unidos e amava Cuba de todo meu coração,
tendo seu grande líder na figura de um Santo, verdadeiro salvador daquela
ilustre ilha caribenha.
A “educação” que me foi dada pela
Escola Técnica, em vez de me fazer voltar à realidade – fazendo-me sair daquele
infeliz sonho comunista – só fez-me entrar em sonhos mais fantasiosos. Na
primeira fase do curso havia uma disciplina que Relações Humanas, em que o
professor fazia os alunos falarem diante da turma de algum tema dessa coisa (relações
humanas) que até hoje não sei o que é realmente. Chegada minha vez, escolhi
logo abordar o tema do imperialismo norte-americano. Falei sobre o tema para
toda a sala, mesmo não tempo isso nenhuma relação com o tema da disciplina.
Como eu poderia falar a turma, queria falar daquilo que me despertava tanto
interesse, essa nefasta influência dos EUA sobre a cultura brasileira,
destruindo-a e substituindo-a pela cultura global imposta pelos EUA. Em minha
mente, essa ação destruidora da cultura norte americana afetava as relações humanas
– que eu entendia como o modo através do qual as pessoas se relacionam/interagem
– destruindo o modo de ser brasileiro, sua cultura e sua mentalidade, e em seu
lugar estava sendo imposta uma cultura norte-americana, global e tirânica.
O irônico é que esse modo de pensar,
totalmente infantil, é idêntico ao modo como Alexander Dugin analisa o papel
dos EUA diante da Nova Ordem Mundial. Como ficou claro no debate entre Dugin e
Olavo de Carvalho, para Dugin a Nova Ordem Mundial é coisa dos EUA, e são os
EUA que estão impondo a todo o mundo seu modo de vida, sua cultura, em
detrimento das culturas locais. Para Dugin, como para mim quando era
adolescente, a homogeneização do mundo rumo ao modo americano de ser era uma
obra consciente e destrutiva dos EUA. E isso deveria ser barrado, pensava eu,
imaturo adolescente, e hoje pensa Dugin, homem altamente culto e mentor da
geopolítica da Rússia. Eu queria que os EUA fossem destruídos, como hoje quer
Dugin. Tanto isso é verdade que fiquei radiante de alegria, quando estudante de
oitava série, cheguei em casa e na TV vi a imagem de Nova Iorque coberta de
fumaça. Era 11 de setembro de 2001. Quem sabe este é o início do fim dos EUA, eu
pensa cheio de esperança.
Na Escola Técnica o tempo passou e
vieram as aulas de sociologia. A disciplina nada mais era que um pretexto para
fazer apologia de Cuba e do comunismo. Lembro-me muito bem dos discursos da
professora defendendo o sistema econômico cubano, como ele era justo e melhor
que o modelo estadunidense. A lavagem cerebral operada em sala de aula,
principalmente nas aulas das disciplinas de ciências humanas, era aprofundada
nas palestras que os professores organizavam. Lembro-me de palestras que
defendiam a economia comunista e o desarmamento. Houve até uma palestra sobre antitabagismo,
outra bandeira esquerdista. O mais escandaloso de tudo foi a palestra dada por
um cubano que foi a Escola Técnica elogiar o sistema cubano e a ditadura
sangrenta de Fidel Castro, tudo ilustrado com slides de fotos da ilha cubana da
fantasia. Deu-nos o palestrante um quadro completamente radiante da ilha de
Fidel Castro, que dava vontade a qualquer um de conhecê-la pessoalmente, ver suas
maravilhas com os próprios olhos, e não apenas por fotos.
Terminado o Ensino Médio, o serviço
estava completo, e eu tornara-me um amante e defensor da revolução comunista
mundial. Os mentores do MEC tinham conseguido em mim aquilo que queriam. Minha educação,
dentro do propósito para o qual fora planejada, havia sido um completo sucesso.
Acreditava nos principais pontos da agenda globalista, como o controle da
natalidade, desarmamento, superação dos estados nacionais e redução populacional.
Quando iniciei a votar, logicamente votava com o PT, assim como meus
professores. E assim ajudei o mais detestável e corrupto presidente do Brasil chegar
ao poder, para poder transformar o Brasil numa Cuba bem maior, de dimensões
continentais.
Fiz vestibular para cursar Letras
numa universidade federal, e lá o trabalho teve prosseguimento. Todos meus
professores de literatura brasileira ou de teoria da literatura eram
esquerdistas. Um inclusive – segundo vim a saber muito tempo depois – fora
membro do partido comunista da argentina. Esse professor é declaradamente
gayzista, e em vez de dar aulas de literatura, defendia em sala de aula a
retirada dos crucifixos de lugares públicos e da aprovação do casamento gay.
Diante da deplorável situação que entrava
na universidade, apesar de seguir o curso até me graduar, comecei desde cedo a
estudar por conta própria – ler o que meus colegas nem imaginavam em ler – e a
descobrir a verdade. Não sei como, eu estava numa universidade tomada pelo
marxismo cultural, e passei a sentir cada vez mais uma aversão a esse meio em
que convivia. Quem sabe, por ação divina, meu comunismo foi dando lugar a
realidade novamente. Aos poucos, estudando só, ainda nos tempos de minha graduação,
fui me livrando de meu doentio esquerdismo. É um mistério sobre mim que ainda não
entendo plenamente. Estando num ambiente universitário em que a revolução comunista
era o ar que se respirava, tornei-me conservador. Creio que em grande parte
isso de deveu as leituras que busquei por conta própria. Iniciei na filosofia a
ler Platão, Plotino, São Tomás de Aquino e Santo Agostinho. Sofri lentamente, então,
uma nova conversão, do comunismo ao cristianismo. As páginas dos diálogos de
Platão e as obras de São Agostinho foram minha vacina contra a esquerdopatia
que eu contraíra na educação pública. Seus textos clássicos foram um balde de água
jogado sobre mim durante um longo sobre. Então, num salto, acordei para a
realidade.
Fora da escola, por esforço próprio,
tive que buscar me livrar de tudo lixo comunista que tantos professores tenham
me enfiado na cabeça sem pedir minha permissão. Felizmente há o livre-arbítrio.
Somos todos livres. Assim, de posse de minha liberdade, livrei-me de Marx e de seus
discípulos.
Lá na origem de tudo, de todo o mal,
estava um maldito livro de geografia. Agora é com revolta que vejo que as
atuais crianças são educadas em novos manuais ainda mais descaradamente
marxistas, distorcendo todos os dados objetivos da história e da sociedade para
a favorecer a visão doentia de mundo comunista. Há hoje um livro de geografia
que afirma:
“A maneira como o
capitalismo se organiza e se desenvolve tem sido apontada como a principal
causa dos grandes dilemas que enfrentamos, ou seja, esse sistema não tem sido
capaz de assegurar uma convivência harmoniosa entre os seres humanos e destes
com a natureza. Nessa perspectiva, muitos estudiosos afirmam que a profunda
crise pela qual passa o mundo de hoje é gerada pelo sistema capitalista”. (p.
49) (1)
Vejamos só o que o livro fala de
Cuba:
"Esse governo, de natureza
ditatorial, introduziu uma ampla reforma agrária, eliminando os latifúndios, e
passou ao controle do Estado os meios de produção, nacionalizando as empresas
estrangeiras. Além disso, priorizou de maneira absoluta os setores de saúde e
educação, fato que proporcionou uma expressiva melhora nas condições de vida da
população.”
(...)
Mesmo sofrendo o embargo econômico promovido pelos Estados Unidos, Cuba conseguiu colocar em andamento as reformas econômicas planejadas pelo regime socialista. Isto foi possível com o apoio que o país recebeu da União Soviética, seu mais importante parceiro comercial. A União Soviética adquiria grande parte do principal produto cubano: o açúcar.”
(...)
Mesmo sofrendo o embargo econômico promovido pelos Estados Unidos, Cuba conseguiu colocar em andamento as reformas econômicas planejadas pelo regime socialista. Isto foi possível com o apoio que o país recebeu da União Soviética, seu mais importante parceiro comercial. A União Soviética adquiria grande parte do principal produto cubano: o açúcar.”
Nosso
governo comunista dominado por um partido insano, comandado por um homem mais
insano ainda, Lula, está distribuindo esse livro por todo o Brasil, formando milhões
de novos idiotas comunistas, ovelhas dóceis a aceitar o socialismo e a Nova
Ordem Mundial. Ovelhas a continuar a votando no PT, perpetuando-o no poder, até
que todas as antigas estruturas de um mundo cristão tenham sido destruídas, substituídas
por globalismo, abortismo, gayzismo, socialismo, e todos os demais ismos que
persistem em não ir logo para a lata de lixo da história. Mas continuo tendo a convicção
de que um dia o comunismo será derrotado, irá para o nada. Se isso não se der
for forças humanas, será pela força divina.
Um
dia Fidel Castro, Lênin, Stalin, Cuba, Marx, União Soviética, comunismo e tudo
mais não serão mais recordados. Nesse dia existirá uma nova ordem verdadeira, não
dá ONU, de Soros, de Rockfeller, dos Bilderbergs, mas de Nosso Senhor Cristo.
Essa Nova Ordem não será mundial apenas, mas cobrirá todo o cosmo. Dentro dessa
Ordem se tornará completo o plano original de Deus para a história humana.
Dentro da Ordem divina haverá a perfeição na eternidade, na qual seremos
guiados face a face pelo Criador de todas as coisas, a Verdade do Verbo.
Referência:
(1)
Clauber Cristofen Pires. Doutrinação
ideológica escolar: Geografia vivência e espaço, 8º ano. http://www.midiasemmascara.org/artigos/educacao/13860-doutrinacao-ideologica-escolar-geografia-espaco-e-vivencia-8oano.html