Antonio Pinho
Num artigo recente, Júlio Severo cita o fato de que, em vários estados dos EUA, desde 1998, a questão do casamento gay foi levada às urnas 31 vezes ao todo. O que chama a atenção é que em todas as vezes os ativistas gays perderam nas urnas. O povo majoritariamente se manifestou contra a união homossexual. Severo ainda cita um outro número interessante: o casamento gay é ilegal em 38 estados.
“os meios de comunicação se enxergam com a missão de saturar a mente de suas audiências com imagens positivas das pretensões gays, de modo que o público se acostume tanto com o homossexualismo que, cedo ou tarde, expressará, nas urnas e outros lugares, apoio a esse comportamento.”
Após ler o artigo de Júlio Severo, acabei me deparando com uma entrevista publicada na Veja, de Jonathan Gottschall, que é professor universitário de literatura inglesa nos EUA. Fiquei impressionado com uma de suas respostas sobre o efeito da ficção na sociedade:
“Diversos estudos foram feitos sobre o poder da ficção nas atitudes e no comportamento das pessoas. Essas pesquisas avaliam as percepções de participantes contrários e favoráveis a uma determinada causa polêmica, como aborto ou a pena de morte. Os dois grupos lêem textos de ficção ou não ficção sobre um mesmo assunto e com conteúdo similar. Na maioria dos estudos, as pessoas que leem textos de ficção mudam de opinião com muito mais facilidade do que as expostas a histórias reais. Absortos em histórias fictícias, os indivíduos tendem a baixar a guarda, deixam seus preconceitos de lado. Varrem a dose de ceticismo que têm sobre determinado assunto para debaixo do tapete e tornam-se mais receptivos a crenças contrárias às suas. Colocam-se no papel do personagem principal e vivenciam seus dramas e problemas. Um exemplo recente aconteceu nos Estados Unidos. Os americanos sempre foram contrários ao homossexualismo e ao casamento gay. Nos últimos quinze anos a situação se inverteu. Os cientistas sociais não entendiam a velocidade da transformação. Afinal, concepções dessa natureza não mudam tão rapidamente. A justificativa encontrada pelos sociólogos foi a proliferação de programas, séries de TV e novelas sobre o universo gay, com personagens homossexuais, como Will & Grace e Modern Family. O fato é que sempre pensamos na ficção como forma de escapismo. Mas uma história não só produz entretenimento, ela também nos molda e é capaz, inclusive, de interferir nos acontecimentos históricos.”
Os ativistas gays, para defender sua ideologia, sempre gostam de citar Grécia e Roma como idílicos tempos em que o homossexualismo era aceito em sociedade. Esquecem que na antiguidade clássica podia se tolerar o homossexualismo, em certos meios, mas jamais houve casamento gay, ou a intromissão do estado nessas questões, aprovando leis sobre uniões homossexuais. Por acaso, em nenhuma sociedade no passado houve a institucionalização de união homossexual com igual status de uniões heterossexuais. O que sempre houve foram práticas homossexuais, dentre elas a pedofilia, que claramente é um crime grave contra o menor.
Era comum ao senhor romano manter um jovem em sua casa e ter relações sexuais com ele. Mas não era por essa relação homossexual que o senhor romano deixava de ter sua esposa. Nas sociedades greco-romanas, por questões de ordem religiosa, de acordo com a magnífica obra de Coulanges sobre a sociedade greco-romana, A cidade antiga, o casamento era obrigatório ao homem. Nessas sociedades havia o culto aos espíritos dos antepassados – que eram adorados como verdadeiros deuses familiares. Um homem deveria deixar herdeiros para que seu espírito e os espíritos de seus ancestrais também fossem adorados. Na concepção da época, a felicidade da alma após a morte dependia dos sacrifícios oferecidos pelos descendentes, no túmulo da família. Dessa forma, não deixar descendentes implicava quase como que na extinção de uma religião, pois toda família possuía seus próprios deuses – os antepassados – e rituais específicos. Quem não tivesse filho estaria fadado a ser um espírito infeliz – e condenaria seus antepassados –, porque não existiria mais alguém para lhes prestar culto, e oferecer os sacrifícios. Portanto, não havia a menor possibilidade de um homem “casar” com outro homem, deixando de ter uma esposa, que lhe daria descendentes. Como foi afirmado, havia relações homossexuais, mas estas ocorriam num contexto fora do casamento heterossexual comum.
Com o fim da era pagã e a cristianização do antigo Império Romano, a prática homossexual – além de ser marginal ao casamento heterossexual – passou a não ser mais aceitável, justamente em virtude das leis mosaicas, ou mesmo dos ensinamentos do Novo Testamento. A carta de São Paulo aos romanos é enfática na crítica ao comportamento homossexual, amplamente difundido na Roma do século I d.C..
Nesse ponto é importante destacar que há uma diferença entre homossexualidade e homossexualismo. A homossexualidade é a atração de uma pessoa por outra do mesmo sexo, comportamento que contraria a maioria dos indivíduos que, ao contrário, se atraem sexualmente pelo sexo oposto. Naturalmente, as pessoas na grande maioria são movidas pelo natural impulso (mesmo que inconsciente) da reprodução.
O homossexualismo, por outro lado, tem a mesma natureza dos outros “ismos”, pois é a utilização para fins políticos da homossexualidade. É um movimento que – sem uma leitura objetiva da história das civilizações – cria pretensos “direitos gays”, e se utilizam de lobby político para leis anti-homofobia e casamento gay.
A atividade do movimento homossexual começa por deformar o vocabulário da língua, criando o termo homofobia. Com essa deturpação da língua, passam a rotular de homofóbico todo aquele que não concordar com a agenda dos movimentos gays. Por isso, é necessário separar as coisas. Uma coisa é agredir e matar uma pessoa por aversão a sua homossexualidade, outra completamente diferente é ser contrário a ideologia do movimento homossexual. Não se pode colocar tudo no mesmo saco. Ser contrário a agenda ideológica do homossexualismo é uma postura política válida, o que é garantia constitucional; por outro lado, agredir e matar gays são um crime já punível pelo atual Código Penal. Portanto não há sentido em se criar leis anti-homofobia, pois a agressão física e assassinato – seja de um gay ou de um heterossexual – são crimes. E ocorre que no Brasil efetivamente não há crimes contra gays em quantidade que justifiquem tamanhos gastos em ONGs, e tanta pressão política. Se há casos – eu particularmente não os conheço -, são fatos muito isolados, fruto de psicopatologias de alguns indivíduos. É fato que no Brasil há uma histórica tolerância sexual, ao contrário dos países mulçumanos, em que realmente se mata quem for pego em ato sexual com pessoa do mesmo sexo. Em nações mulçumanas até que um movimento por mudanças sociais se justifica, mas este deveria ser na defesa de todos os direitos humanos, e não de apenas de um grupo, que briga por um tratamento especial das leis.
Certa vez escrevi que há temas muito mais urgentes para uma discussão no Brasil do que a agenda do movimento homossexual, tais como as lutas por mais verbas utilizadas sem corrupção na educação e saúde, leis mais rígidas contra a corrupção, o tráfico de drogas, a pedofilia, etc. São inúmeras as questões que merecem um democrático debate público. E diante de tais questões, a causa gay toma proporções ínfimas de relevância social, sem dizer que os pressupostos básicos sobre os quais se apoia são falsos, como tenho demonstrado aqui.
Para que se façam leis para defender a agenda gay, numa democracia, primeiramente é necessária a aprovação popular. Porém, como afirmou Júlio Severo, no artigo que citei no início, os americanos têm se mostrado majoritariamente contrários a agenda do ativismo gay. Mas o ativismo não se importa com a opinião da maioria, porque estão convictos que estão com a verdade absoluta sobre a natureza da família e da moral. São os outros que estão errados, por isso tudo é valido para que sua visão das coisas prevaleça. É dessa maneira que se fecham ao diálogo e a aceitação a vontade da maioria, partindo para a guerra cultural. Esta, obviamente, é feita com a arma poderosa da mídia. Como disse Júlio Severo,
“os meios de comunicação se enxergam com a missão de saturar a mente de suas audiências com imagens positivas das pretensões gays, de modo que o público se acostume tanto com o homossexualismo que, cedo ou tarde, expressará, nas urnas e outros lugares, apoio a esse comportamento.”
Após ler o artigo de Júlio Severo, acabei me deparando com uma entrevista publicada na Veja, de Jonathan Gottschall, que é professor universitário de literatura inglesa nos EUA. Fiquei impressionado com uma de suas respostas sobre o efeito da ficção na sociedade:
“Diversos estudos foram feitos sobre o poder da ficção nas atitudes e no comportamento das pessoas. Essas pesquisas avaliam as percepções de participantes contrários e favoráveis a uma determinada causa polêmica, como aborto ou a pena de morte. Os dois grupos lêem textos de ficção ou não ficção sobre um mesmo assunto e com conteúdo similar. Na maioria dos estudos, as pessoas que leem textos de ficção mudam de opinião com muito mais facilidade do que as expostas a histórias reais. Absortos em histórias fictícias, os indivíduos tendem a baixar a guarda, deixam seus preconceitos de lado. Varrem a dose de ceticismo que têm sobre determinado assunto para debaixo do tapete e tornam-se mais receptivos a crenças contrárias às suas. Colocam-se no papel do personagem principal e vivenciam seus dramas e problemas. Um exemplo recente aconteceu nos Estados Unidos. Os americanos sempre foram contrários ao homossexualismo e ao casamento gay. Nos últimos quinze anos a situação se inverteu. Os cientistas sociais não entendiam a velocidade da transformação. Afinal, concepções dessa natureza não mudam tão rapidamente. A justificativa encontrada pelos sociólogos foi a proliferação de programas, séries de TV e novelas sobre o universo gay, com personagens homossexuais, como Will & Grace e Modern Family. O fato é que sempre pensamos na ficção como forma de escapismo. Mas uma história não só produz entretenimento, ela também nos molda e é capaz, inclusive, de interferir nos acontecimentos históricos.”
O que Gottschall descreve abre as portas para perguntarmos se essa mudança de mentalidade é um movimento natural da sociedade, ou um fenômeno planejado. Gottschall não diz se há ou não um planejamento dessa mudança de mentalidade nos EUA. Se a mídia fosse patrocinada diretamente por seu público, e se ela estivesse nas mãos de muitas pessoas, poderíamos crer na espontaneidade da mudança social da aceitação da homossexualidade e da abertura de maior espaço a programas gays na TV. Contudo, toda grande mídia americana está nas mãos de meia dúzia de pessoas. Ou seja, basta uma reunião dessas seis pessoas para que se definam os conteúdos de séries e novelas, ou uma pressão dos grandes anunciantes sobre os donos da mídia por um enfoque maior a certos temas, como, neste caso, a homossexualidade. São a meia dúzia dos donos da mídia e o poder econômico que a sustenta que estão promovendo uma engenharia social, com vistas a mudar a mentalidade das novas gerações, porque as mudanças de padrões comportamentais e valores são geracionais. É fato notório e amplamente aceito entre os especialistas que as elites econômicas estão se utilizando da mídia, principalmente a TV, como meio de aplicar as técnicas de engenharia social desenvolvidas ao longo do século XX.
A psicologia comportamental mostrou que estímulos positivos fazem muito mais efeitos que estímulos negativos no condicionamento de padrões de comportamento. Ou seja, é melhor dar um chocolate a uma criança, para que estude mais, de que de bater nela. O estímulo positivo tem a vantagem de não resultar em comportamento agressivo por parte do sujeito que passa pelo condicionamento. O condicionamento pela mídia é terrivelmente cruel, para não dizer criminoso, pois as vítimas – que somos todos nós – muito raramente vão ter consciência de que estão sendo treinadas a ter certos tipos de comportamento, em detrimento de outros. Ainda mais, a vítima crê fielmente que sua visão de mundo é realmente sua, e não que foi planejada e implantada em sua mente por sofisticadas técnicas de psicologia comportamental, aplicada como arma de engenharia social, melhor dizendo, como arma de manipulação inconsciente da população.
De posse do conhecimento científico, as elites, formadas principalmente por donos de empresas internacionais de mídia e banqueiros, promovem por meio de novelas, seriados e clipes musicais toda sorte de valores anticristãos. Essa é uma mudança de tática da mente revolucionária. Os métodos violentos aplicados pelo comunismo durante o século XX, que eram estímulos negativos, foram falhos em sua meta de destruir a civilização cristã ocidental, baseada em soberanias nacionais.
Os movimentos revolucionários são globalistas. Sua ação é pela instauração de um governo mundial não democrático, com poder centralizado nas mãos dos banqueiros internacionais, para chegar a tal objetivo chegaram a conclusão de que o cristianismo é uma barreira para a concretização da sociedade que planejaram para o futuro.
Como demonstra Antony Sutton em Wall Street e os Bolcheviques, foram os banqueiros internacionais que financiaram a Revolução Russa de 1917. Hoje também é sabido que a Revolução Francesa foi planejada e financiada pela elite dos banqueiros europeus, e não foi um movimento popular e espontâneo, como dá a entender a história oficial.
A agenda do ativismo gay é, portanto, mais uma das faces do movimento revolucionário mundial, que conta com vultosos recursos de fundações internacionais mantidas por bancos e empresas multinacionais, recursos financeiros que são empregados na criação de ONGs. Estas, por sua vez, com abundantes verbas e recursos humanos (principalmente entre a elite intelectual e artística) – mobilizados por meia da ação da mídia – que pressionam os políticos para as mudanças legais, e promovem paradas gays em todas as grandes nações ocidentais. Com toda a máquina midiática nas mãos, o movimento revolucionário encontra um meio mais sutil e não violento da modificação dos valores do povo. Isso nada mais é do que uma luta silenciosa – por não ser uma guerra abertamente declarada –, mais muitas vezes explícita, contra a própria religião cristã.
O que demonstra o caráter anticristão do ativismo gay é a luta pela criação de leis que punam a homofobia, um conceito este que em si já é problemático. Porque, como definir objetivamente a homofobia? Seria qualquer manifestação pública de uma simples opinião contrária a prática da homossexualidade? Sim, é isso mesmo. Ocorre que o alvo dessa lei não é a defesa dos gays, como pensam os homossexuais, eles são apenas instrumentos que atuam inconscientemente num processo muito maior e mais complexo, que no limite se trata da destruição gradual da civilização ocidental baseada do cristianismo, e não da construção de uma “sociedade plural” como dizem. Como podem os ativistas gays lutar por uma “sociedade plural”, se eles próprios não toleram a existência de opiniões divergentes? O alvo das leis anti-homofobia são claramente padres e pastores, pois tais leis impõem censura sobre a abordagem de determinados temas, mais especificamente a pregação integral da moral cristã. Se os grupos defensores do homossexualismo atingirem seus objetivos, nada mais faltará para que se iniciem a prisão de religiosos. As leis anti-homofobia destroem duas bases sobre as quais repousam os valores democráticos: a liberdade religiosa e a liberdade de opinião.
É mais que óbvia a consequência da ação de grupos que se usam de um comportamento de foro íntimo, que é a sexualidade, como arma política: a perseguição religiosa. É o fim da liberdade do indivíduo e o nascimento de um estado todo poderoso, definidor das verdades nas quais os cidadãos devem crer. É terrível chegar à conclusão de leis dessa natureza – casamento gay e anti-homofobia – podem causar um efeito dominó, que culmina do desmoronamento completo da democracia. Isso demonstra o alto nível de planejamento e sofisticação dos engenheiros sociais que estão na origem disso tudo.
O uso da intimidade pessoal como arma política é claro sintoma de uma mentalidade totalitária, que vê na intervenção do estado sobre a privacidade dos indivíduos como meio de controle e coerção de atitudes e entidades indesejadas pela elite defensora de uma nova ordem utópica para o mundo, cujos traços gerais jamais foram vistos em alguma sociedade do passado. Uma ordem nova, portanto, formada por valores totalmente antinaturais. Porque, se os valores dessa nova ordem utópica fossem os melhores ao homem (e de acordo com sua natureza), o natural desenvolvimento da humanidade já teria chegado a esse estado de coisas tão sonhado pela elite que se pensa iluminada, detentora única do melhor modelo de sociedade para todos. Se a utopia da república mundial é o melhor caminho para a humanidade, porque seus proponentes agem sempre nos bastidores do poder, em segredo, ocultando tudo ao povo?
Fontes:
COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. São Paulo: Ediouro, s.d..
GOTTSCHALL, Jonathan. Entrevista. Veja, edição 2268, 9 de maio de 2012.
SEVERO, Júlio. Derrota gay: o poder do povo diante do poder tirânico das elites. Mídia Sem Máscara, 9 de maio de 2012. Disponível em: http://www.midiasemmascara.org/artigos/internacional/estados-unidos/13044-derrota-gay-o-poder-do-povo-diante-do-poder-tiranico-das-elites.html