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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

De Jesus a Satanás: a origem das heresias protestantes


Dizem que no mundo há algo por volta de 50 mil denominações cristãs. Número espantoso! Nunca se viu o nascimento de tantas igrejas como atualmente. O crescimento evangélico tem algo de semelhança ao tão aclamado crescimento econômico. O próprio funcionamento de muitas seitas evangélicas é idêntico a uma multinacional: busca por expansão dos “negócios”, estratégias para ampliação da clientela, como oferecer vantagens aos clientes, marketing, etc.

A teologia da prosperidade é o grande absurdo do protestantismo atual. O Novo testamento é bem claro ao condenar quem se utiliza de Cristo para enriquecer. “Pois os que querem enriquecer caem em muitas tentações e laços, em desejos insensatos e nocivos, que mergulham as pessoas na ruína e perdição. Na verdade, a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Por se terem entregue a ele, alguns se desviaram da fé e se afligem com inúmeros sofrimentos.” (1 Tm 6, 9-10) São Paulo é claro ao afirmar que são “pessoas de mente corrompida, que estão privadas da verdade e consideram a piedade como uma fonte de lucro”. (1 Tm 6, 5) Parece que São Paulo está descrevendo nosso tempo, dada a atualidade de seus ensinamentos. Foi mesmo Jesus quem nos ensinou com seus atos a colocar os bens materiais em segundo plano: devemos primeiro buscar a elevação espiritual que o restante é conseqüência – saúde, dinheiro, trabalho, etc. Não podemos viver sem dinheiro, isso é mais que claro, mas o foco do verdadeiro cristão não esta no que se vê, mas no incorpóreo, naquilo que o tempo não pode degradar, a alma, com a qual contemplamos Deus que nos dará a verdadeira vida no Reino dos Céus. Sendo a alma humana imortal, ela é em nós aquilo que nos liga e nos assemelha ao Criador.

Os capitalistas da fé invertem essa lógica: a salvação é a salvação da conta bancária. Quanto maior ela for, mais abençoado por Deus você é. Essa teologia é, na verdade, uma teoria materialista de Deus, se isso for possível (mas como nosso século é especialista em tornar o ilógico e o impossível em lógico e possível, tal afirmação pode ser razoável). Nessa concepção do divino, Ele só importa se curar e der lucro, tudo que estiver fora disso é perfeitamente dispensável. Vejam no You Tube, por exemplo, imagens da mansão do fundador da maior igreja da teologia da prosperidade, aquela que tem um coração vermelho estampado na fachada (não citarei nomes, penso que todos saibam de quem falo). Há também uma filmagem dele contando, aos risos, sacos e sacos de dinheiro de doações de fiéis, numa igreja que ele inaugurou nos EUA há vários anos. Penso que vocês sabem muito bem para onde foi (e continua indo) os rios de dinheiro que esse sujeito arrecadou em igreja com centenas de franquias pelo mundo. Comprou mansões, Ferraris, canais de televisão, rádios, jornais, partidos políticos, universidades, é uma lista que não tem fim. O estranho é que o canal controlado por essa igreja é um dos que tem a programação mais anticristã do Brasil, com programas como reality shows e novelas com grande número de cenas sensuais. O objetivo dessa seita é explicitamente dominar boa parte da sociedade brasileira, e, igualmente, enfraquecer a Igreja Católica, tornando-a uma denominação cristã de importância menor no país que a maior nação católica do mundo. Sempre que pode esse canal veicula reportagens caluniosas contra a Igreja Católica.

Não é por acaso que os protestantes têm investido tão fortemente no Brasil, onde encontram cristãos já familiarizados com o imaginário bíblico, mas sem muito contato com a Igreja. Essas pessoas são mais fáceis de converter que os povos da Índia ou África, por exemplo, nos quais o conhecimento da Bíblia é quase nulo.

Para ter noção de até onde pode ir o protestantismo, certa vez cheguei a ver no You Tube um vídeo de uma mulher, estranhamente vestida, pregando numa (pasmem!) igreja evangélica satânica. Para falar a verdade, fiquei tão chocado que não consegui ver o vídeo na íntegra. Ela defendia a natureza elevada e benéfica de Satanás entre os demais anjos. Satanás, para ela, é o melhor entre todos os anjos.

Esse é um caso extremo. Mas os exemplos não param por aí. Para quem não sabe, já existe até uma denominação evangélica destinada ao público gay, na qual todos são gays, do pastor aos fiéis. É possível que já existam outras. A Igreja Anglicana chegou a ordenar um bispo declaradamente homossexual. Fato este que levou ao afastamento de 400 mil fiéis que, na ocasião, se tornaram católicos. Entre eles havia vários sacerdotes. Quem conhece a Bíblia sabe que a lei de Moisés, a carta de São Paulo aos romanos, o episódio da destruição das cidades de Sodoma de Gomorra, entre outros textos, deixam bem claro que a verdadeira mensagem cristã condena qualquer tipo de prática homossexual.

O fato é que Cristo fundou apenas uma verdadeira Igreja. Ele mesmo nos últimos momentos de sua vida chegou a orar para que sua Igreja permanecesse Una. “Pai Santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um, como nós somos um”. (Jo 17, 11) Diante dessas palavras bem claras, você ainda acha que é da vontade de Cristo que todos os dias se fundem novas igrejas? Cada uma com uma doutrina diferente da outra.

Cabe aqui até uma reflexão sobre a etimologia da palavra diabo, que vem o latim diabolus, significando justamente aquele que divide, portanto, aquele que cria a discórdia. Ainda em latim, a palavra diabolus é formada pela união do prefixo di ao verbo aboleo, que significa destruir, aniquilar. Dessa forma, vemos que é da natureza do diabo provocar a divisão entre os que crêem em Cristo, numa tentativa, já fracassada desde sua origem, de enfraquecer, diminuir e, até, destruir a verdadeira Igreja fundada por Cristo, o qual nomeou pessoalmente São Pedro como primeiro Papa. Felizmente Jesus prometeu a São Pedro, e a todos nós, que jamais as portas do inferno prevaleceriam sobre sua Igreja. Desde então o grande opositor tem trabalhado para destruir a obra que Jesus iniciou com suas próprias mãos. Quando Jesus veio ao mundo, ele apenas deu início a um novo tempo de graça, ordenando-nos para que trabalhássemos – continuando o que Ele mesmo criou – incessantemente, inspirados pelo Espírito Santo, pela edificação da verdadeira Igreja, a qual possui a grandiosa missão de converter os povos (levá-los ao conhecimento do Criador), até gloriosa volta daquele que foi crucificado, morreu, ressuscitou e ascendeu aos Céus. Nessa missão a unidade é a genuína vontade de Deus para a Igreja que fundou, e qualquer ação de divisão e discórdia não tem origem divina, mas no egoísmo e ambição que se manifestam na condição humana, ao se afastar de seu Criador.

Um dos grandes problemas do protestantismo é o princípio de que só a escritura tem a autoridade, ela fala por si mesma, e não é necessária a consulta à tradição apostólica oral originada dos ensinamentos do próprio Messias. Tal tradição não foi escrita pelos apóstolos de Jesus. Somente na geração seguinte aparecem os primeiros escritos redigidos pelos discípulos dos apóstolos, os primeiros bispos. Nesses escritos encontramos o registro da tradição oral dos apóstolos. Também é fascinante ver como a doutrina desses escritos é, em sua totalidade, a atual doutrina da Igreja Católica. Mas na reforma protestante defendeu-se a teoria da sola scriptura, “só a escritura”, desprezando-se os ensinamentos da sagrada tradição e do magistério da Igreja. (sobre a doutrina da sola scriptura, ler o artigo de Joseph A. Gallegos). Eis aqui um dos elementos que possibilitou tamanha fragmentação do protestantismo em inúmeras seitas de doutrinas bem diferentes entre si. Essas igrejas geralmente possuem um fundador, que na maior parte dos casos é um dissidente de outra denominação protestante. Descontente com sua situação na igreja (pouco espaço para sua atuação, ambição por poder e fama, divergência doutrinária, etc) acaba fundando outra, na qual nascem novos descontentes, que, por sua vez, fundam outras, que fundam outras... Numa cadeia de causa e efeito que parece não ter fim. O dissidente, para se diferenciar do grupo de que se desliga, faz inovações doutrinárias que vão, aos poucos, desfigurando a verdadeira face de Cristo.

A Igreja Católica, pelo contrário, possui uma doutrina totalmente igual a defendida nos primeiros tempos pelos apóstolos, os quais passaram a tradição oral aos primeiros bispos, que nos legaram a integridade da fé.
Sem a Igreja Una e Católica, de doutrina inalterável, que trabalha pela conversão de todos os povos, sua Sagrada Tradição e o Magistério vivo da Igreja (os ensinamentos dos bispos) o cristianismo degenera-se, acabando por defender absurdos, alguns dos quais aqui tratados brevemente. O grande opositor sabe disso e semeia a divisão entre nós. Por isso compete a todo cristão conhecer as origens de sua fé, para que, conhecendo o início, possa compará-lo ao hoje. Assim agindo, verá quem está com a verdade. No fundo o que todos buscamos é a verdade, como Cristo nos disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. (Jo 8, 32) Vida, verdade e liberdade são as palavras que mais preenchem no coração humano de felicidade. Não há dúvidas, Jesus “quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”. (1 Tm 2, 4)

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